Fui para a Tailândia alguns dias depois do falecimento do rei Bhumibol Adulyadej e não pude deixar de escrever sobre o momento luto que vivia o pais.

O rei Bhumibol Adulyadej faleceu no dia 13 de Novembro de 2016. Desde então os tailandeses vestem preto ou branco. Todos os estabelecimentos, canais televisivos, outdoors, sites da internet, revistas e jornais exibem imagens sem cor e palavras de homenagem.

As pessoas formam filas ao redor do palácio real em Bangcoc e cerimônias são organizadas em diferentes cidades do país, todos os dias, para dar lugar às emoções originárias do luto coletivo que o país está vivendo.

Milhares de enlutados se reúnem e fitinhas pretas são distribuídas pelas praças, junto com água, comida e velas que aquecem e iluminam o período escuro pelo qual a Tailândia passa.

Um minuto de extremo silêncio. Músicas apenas com letras e melodia em memória ao rei. Cores apenas nos arranjos floridos que ornamentam as infinitas fotografias do monarca pelas ruas, casas, lojas, hotéis, restaurantes, bancos, estações de trem, aeroportos, edifícios comerciais, templos e todos os outros lugares possíveis e imagináveis.

O rei morreu, mas ele está em tudo e em todos, de alguma forma…

Mas nem todos os tailandeses estão enlutados. Como em qualquer outro lugar do mundo, as visões políticas são divergentes na Tailândia e separam as opiniões do povo que vive hoje sob um regime militar. Nem todos concordam com as tradições culturalmente estabelecidas para o período de luto pela morte de monarcas nesse país, mas as discordâncias não são ditas em alto tom, elas podem ser percebidas em entrelinhas, nas expressões camufladas entre os panos das roupas pretas ou brancas, como pede o protocolo.

Quando alguém morre na Tailândia o corpo é velado de dois a sete dias, dependendo da condição financeira da família, até ser cremado ou enterrado, de acordo com as tradições e crenças religiosas. O rei Bhumibol Adulyadej será velado por um ano no palácio de Bangcoc. O pedido de respeito ao período de luto nacional é estendido para todos os locais e visitantes do país.

O luto coletivo pela morte do rei move e comove toda uma nação, que cala e fala sobre a vida, a morte, a religião, os valores, a história, a cultura e a política desse fascinante e intrigante país asiático.

Paula Leverone (CRP 08/18775)